Wednesday, December 27, 2006

Poema de Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Vinicius de Moraes


Ou é de mim ou o Natal passou num ápice?

5 comments:

Anonymous said...

é verdade passou!!!passou num ápice.
quanto ao poema não podias escolher melhor!!!
beijinhos

OLHAR VAGABUNDO said...

passa sempre...
beijo vagabundo

Sofia said...

Voou ... passou !!
Ótimo poema do eterno "poetinha".
Abraços,

Blondie said...

Elisa, também gosto muito do poema:)
Beijitos

Pensamentos Vagabundos,
é verdade... todos os anos sinto o mesmo.
Beijitos

Sofia,
por acaso pensei em ti quando escolhi este poema... vi logo que ias gostar;)
Beijinhos

Anonymous said...

Passou tão rápido que eu nem te vi!!!!!Beijos