Thursday, October 12, 2006

Party People


Eu adoro dançar! Adoro dançar e sair à noite!
Quando era mais nova as pessoas diziam..."Filhinha um dia vais ver que te vais cansar de dançar e de sair à noite. Com a idade isso passa".
Ora ca breca! Já estou crescidinha e ainda gosto de sair para dançar. Para mim dançar é uma terapia fabulosa, esqueço os problemas do mundo; além disso adoro música electrónica e adoro senti-la, ouvi-la in loco!
Mas agora tenho sentido alguns problemas em acompanhar as modas. Surgiram tantas diferenças em relação à altura em que eu comecei a sair à noite, ou saía com mais frequência.
Então proponho: A Evolução do Party People

1º O vestuário:
Antes: as pessoas tinham gosto em se vestir. Vestir para sair à noite!!! Por vezes até era melhor que sair à noite (ou talvez não), começávamos a preparar-nos cedo, vestíamos algo glamoroso e depois procedíamos a todo o restante ritual, a maquilhagem, os acessórios brilhantes. Ah! E só se usava roupa "para sair à noite", ou seja, roupa que não se usava no dia-a-dia. Era algo para demorar uma hora ou mais, só nos arranjos! A nível de calçado, só se poderia levar sapatos, pois na minha altura quem levasse sapatilhas corria o risco de não entrar na disco.
Agora: Sai-se como quem vai a um hipermercado fazer compras ou ao estádio ver uma partida de futebol. Vêem-se roupas normais, não há acessórios, não há brilho, perdeu-se o glamour. Até chinelos, chinelos(!!!) as pessoas levam para dançar. Pior, de fato de treino, talvez a imitar os hip-hoppers do Bronx, ou algo do género!

2º A dança:
Antes: As pessoas tentavam dançar de acordo com a música.
Agora: Não há diferentes tipos de música. O que está a dar é abanar o traseiro a noite toda! A música tornou-se, como que por magia, em kizomba e outras músicas que tal, em que se tenta abanar o dito cujo o máximo possível em menos tempo possível ( se calhar anda-se a fazer concursos nas discos e eu não sei de nada). É que, mesmo que a música esteja num ritmo mais parado.. não interessa nada!! Viva a proliferação desmedida do boootie shake! À noite tudo vira imitação da Shakira.
Outra regra, na dance floor, consiste em atirar o maior número de copos para o chão. Deve ser uma espécie de agradecimento aos deuses pela boa música que o DJ está a passar. Assim dançamos todos em cima dos copos, ao estilo de penitência ou de agradecimento (dependendo da perspectiva).

3º O engate:
Antes: As coisas eram feitas com estilo, com calma, com subtileza, com gosto.
Agora: Salve-se quem puder!! Eles e elas atacam sem dó nem piedade. Parecem náufragos com visões, em vez de verem pessoas vêem coletes salva-vidas e agarram-se a eles, sofregamente.


4º O pagamento:
Antes: Era um local de pagamento.
Agora: A última esperança dos encalhados da noite. Deambulam, aos zigue-zagues, já bêbedos, por ali para ver se ainda arranjam quem lhes pegue. Ou então querem passar à frente na fila...também pode ser.

Enfim, eu aceito o sinal dos tempos, acho que as situações e os hábitos devem mudar, é assim que se evolui. Como estamos na época do tasse bem e do tranquilo, é evidente que as pessoas lá querem ir mais confortáveis para as discos.... Mas sinceramente, pelo menos a dança, podiam salvar o amor à dança, à boa dança.. Pelo menos podiam dançar bem, de acordo com a música e sem atirar copos para o chão, de preferência.





Mas será que alguém, hoje em dia, sai para dançar, pelo prazer de dançar???

10 comments:

João Tomaz said...

Estive alguns anos sem sair frequentemente à noite e notei diferenças. Mas em Agosto estive em Barcelona e é ainda muito à frente em relação ao que estamos habituados.
Quanto à moda, há claramente influência dos Morangos com açucar. A necessidade de se parecer diferente faz com que sejam todos iguais.

Margarida said...

É que parece mesmo que a dada altura estvas a descrever as Festas da Gigi...
Já sabes que não sou dada ao glamour, mas em meu benefício se diga que quando saio à noite é mesmo pra dançar. Óié!

Anonymous said...

Estou de acrodo com a Margarida, quem te ouve falar (escrever), pareces ter 40 anos(se calhar até tens). As diferenças que noto é que hoje não pudor em nada do que se faz na noite. Quase que já não é preciso ter muito trabalho para se curtir com uma miuda e isso de facto é que dava "pica".

fada*do*lar said...

Nunca foi muito dada a grandes bailaricos nas pistas de dança. Tem dias...

Mas concordo plenamente contigo relativamente aos "rituais do antigamente".
Uma pessoa arranjar-se para sair (quanto mais não seja para jantar!)e ter especial cuidado com isso!
Não falo de excessos, mas um pouco de glamour NUNCA ficou mal a ninguém!

Para mim os detalhes são fundamentais, por muito simples que sejam.
Não tenho qualquer mania de querer ser diferente mas se tudo passa a ser banalizado a chapa 4, e corrido a "não tenho pachorra para isso" retira-se o sabor e requinte das pequenas coisas da vida – qualquer que seja a situação, local ou momento.

Blondie said...

Pelicano:
É verdade! É impressionante como essa série televisiva afectou tanto os comportamentos e os estilos das pessoas.

Margarida:
Toda a gente pode ter glamour, porque passa muito também pela forma de se estar com os outros, na vida. Eu acho que tu tens glamour;) então esta última fotografia heeheheh


Guizé:
Não tenho 40 anos..aliás, estou bem longe, estou mais perto dos 30... mas isso não quer dizer que já não sinta algumas diferenças, não quero dizer que elas sejam para melhor ou parar pior, mas que as há, há:)



Fada*Do*Lar:
Também concordo com o que disseste. De facto, o glamour está nos pequenos detalhes, nas pequeninas coisas, porque os excessos a ninguém favorecem. Quando escrevi este post, pensei que iria correr um certo risco de me interpretarem mal. Até porque acho que as pessoas acima de tudo devem sentir-se bem com elas mesmas. Mas também penso, tal como tu sem querer ser diferente, que são as pequeninas coisas, os detalhes, o savoir faire, que por vezes fazem toda a diferença e evitam que se caia na banalidade.

Anonymous said...

Eu tenho de admitir que estou na fase em que já me passou bastante...:-)

Respondendo à pergunta, sou rapazito para garantir que não hás-de ouvir um homem a "está-me mesmo a apetecer sair para ir dançar" ou a dizer "Para mim dançar é uma terapia fabulosa, esqueço os problemas do mundo" ou "Estou mesmo a precisar de ir dançar para desopilar" ou qqer coisa do género...;-) Ok, talvez excepto a parte do pilar...;)

Quanto ao vestuário, o pelicano tirou-me as palavras da boca...:-)

Qto à música, acho que no "nosso tempo", era bem mais diversificada e interessante.

No que se refere ao engate, não há muito mais a dizer, quer face ao q disseste, quer face ao que o Guizé referiu...:-)

Blondie said...

Bem Visto:
A mim ainda não me passou. Será que ainda tenho cura?

Será que não há nenhum que pense assim?? Claro que com o Sr Bem Visto a conversa tinha de descambar ;)

Sim, a música no nosso tempo:) era bastante mais diversificada. Mas sinceramente quando vou a uma disco é mesmo só para ouvir música ao som da qual dê para mexer o esqueleto:)

Anonymous said...

Esta opinião nem vai ser muito proveitosa para o debate, mas como eu gosto deste blog, aqui fica o contributo ;)
Eu não gosto da generalidade da música de dança mas gostos não se discutem, respeitam-se. (saiu bem esta hehe) Logo não gosto de dançar. Quer dizer, abanar a cabeça e saltar não serão formas de dança? Pelo menos é a minha expressão corporal. Mas faço-o em casa ou nos concertos.
Não gosto de discotecas. Não suporto a ideia de ter a alguém à porta de um sítio a avaliar se eu posso entrar ou não. Já disse que não gosto da música, não bebo álcool, não danço ( a esta altura já tão a pensar que tenho uma vida miserável) nem tolero bem lugares apinhados com forte cheiro a tabaco.
Depois, pelo que conheço da noite, o panorama actual do engate só me dá vontade de rir. O povo nem se esforça. Se eu fosse mulher nunca quereria algo com um necessitado (adoro este termo) que me aparecesse meio alcoolizado, com montes de gel no cabelo e ar suado, a usar um calão extremo, condutor de um fiat punto gti kitado, a fazer tudo por tudo para me engatar. Sendo homem, digo que também não aprecio oferecidas ou necessitadas pois se são assim é por que algo já não está bem. Eu sempre considerei que a melhor técnica de engate (detesto este termo) é a conversa (coisa complicada numa disco). Sugiro mitologia clássica como tema, elas gostam ;)
Quanto ao vestuário, eu, como adepto do vestuário desportivo ou minimalista, digo-vos que nunca nenhuma série da TVI me influenciou. Já pensava assim antes do canal existir. Agora, eu entendo o "arranjar" como um ritual de preparação para a socialização.

Quanto às dificuldades em acompanhar as modas, o importante é que continues a sentir prazer no que fazes. Se está na moda ou não... desde que gostes. Continua a dançar e a divertir-te. Se te consideras algo retro, digo-te que até tenho bastante apreço por quem não cede às modas com ligeireza.

Brilhante post Blondie.

Anonymous said...

minha cara, não está nada a descambar..:) é a vida como ela é...;)

Blondie said...

Fl:
As tuas opiniões são sempre benvindas e proveitosas para este bloguito :)
Tal como tu eu não bebo nem fumo, por isso faz-me também imensa impressão o ambiente de fumo que se vive nas discos, bem como ser obrigada a levar com bebedos a noite toda e com os tais de cabelo cheio de gel, condutores de fiat punto quitado heheeh brilhante caracterização ;)
Quanto às modas eu de facto gosto de as ir observando, mas nem sempre gosto de as acompanhar. Acho que nos devemos manter fiel ao que somos e àquilo que transmite a nossa maneira de estar e de ser. Senão fica assim uma coisa esquisita, sempre que alguém quer tentar ser aquilo que não é.
Obrigada :)

Beijinhos

Bem-Visto:
pois pois...eu acredito... eheheheh
Beijinhos