Tuesday, July 25, 2006

Fragmentos


"- É verdade que a sua influência é assim tão má, Lord Henry? (...) Tão má como diz Basil?
- Uma boa influência é coisa que não existe, Mr Gray. Toda a influência é imoral; imoral sob o ponto de vista científico.
- Porquê?
- Porque exercer a nossa influência sobre alguém é darmos a própria alma. Esse alguém deixa de pensar com os pensamentos que lhe são inerentes, ou de se inflamar com as suas próprias paixões. As suas virtudes não lhe são reais. Os seus pecados - se é que os pecados existem - são emprestados. Tal pessoa passa a ser o eco da música de outrem, o actor de um papel que não foi escrito para si. O objectivo da vida é o nosso desenvolvimento pessoal. Compreender perfeitamente a nossa natureza - é para isso que estamos cá neste mundo. Hoje as pessoas temem-se a si próprias. Esqueceram o mais nobre de todos os deveres: o dever que cada um tem para consigo mesmo. É certo que não deixam de ser caritativos. Dão de comer aos que têm fome e vestem os pobres. Mas as suas almas andam famintas e nuas. A coragem desapareceu da nossa raça. Ou talvez nunca a tivessemos tido. O temor da sociedade, que é a base moral, o temor de Deus, que é o segredo da religião - eis duas coisas que nos governam. E, contudo..."

Diálogo entre Dorian Gray e Lord Henry
in O Retrato de Doran Gray, Oscar Wilde

4 comments:

the visitor said...

citadina?????? porto?? :P

Blondie said...

dear the visitor:
tantas coisas que se poderia dizer sobre este fragmento literário... e escolheste insinuar que, por morar nesta GRANDE NAÇAUM, não sou citadina... shame on you :pp
Bjitos

Anonymous said...

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Anonymous said...

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