A matéria das palavras
Estamos aqui. Interrogamos símbolos persistentes.
É a hora do infinito desacerto-acerto.
O vulto da nossa singularidade viaja por palavras
matéria insensível de um poder esquivo.
Confissões discordantes pavimentam a nossa hesitação.
Há uma embriaguês de luto em nossos actos-chaves.
Aspiramos à alta liberdade
um bem sempre suspenso que nos crucifica.
Cheios de ávidas esperanças sobrevoamos
e depois mergulhamos nessa outra esfera imaginária.
Com arriscada atenção aspiramos à ditosa notícia de uma
perfeição
especialista em fracassos.
Estrangeiros sempre
agudamente colhemos os frutos discordantes.
Ana Hatherly
O Pavão Negro
No dia em que se comemora o Dia Mundial da Poesia, coloco, aqui, um poema de uma autora que recentemente tive prazer "conhecer", mais precisamente através da sua poesia visual.
Ana Hatherly, nascida em 1926 no Porto, é poeta vanguardista, ensaísta, tradutora e professora. Sinto-me completamente rendida à sua escrita, foi amor ao primeiro verso.
2 comments:
Os "artesãos" das palavras são uma das coisas que melhor acontecem na VIDA!!!
Felizmente, ainda temos o prazer de continuar a usufruir do seu labor...
O que seria do mundo ...sem Poesia?
É verdade...eu diria mais... o que seria o mundo sem literatura!! :-D
Beijinhos
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